Dei por mim numa ilha sozinha. Dei por mim a vagear por aí neste encanto constante que me trazem os dias. Saí do Rio de barco, chego à ilha e atraco no meu silêncio. Na minha paz. No meu retiro. Haja agitação que segure a minha vontade de estar só é ser só. Em equilibro com toda a multidão que me rodeia.
Viver numa ilha é viver destacado do mundo mas com ele. Todas as ilhas fazem parte do mesmo mapa mundo. Nenhuma ilha é mais do que nenhum continente, mas é seguro afirmar que todas suscitam curiosidade. As ilhas fazem, sem saber, pontes para o mundo. No seu isolamento procuram receber quem chega, e deixar ir quem parte sem grandes apegos. Nenhuma ilha exige um visitante específico e nenhuma se sente triste sozinha. As ilhas são especiais. Pelo menos para mim que as sinto misteriosas e recônditas em si mesmas. As ilhas são gotas de solidão admirada e capazes de trazer fio condutor aos dias. Não é por acaso que as ilhas se banham de mar. Ou melhor, se abraçam de mar. São amadas até ao tutano. São voluptuosas no seu esplendor e bem simples no interior. Nas ilhas não há sapatos, regras ou necessidade de perdão. Nas ilhas há a chegada ao cais, e a saída do caos. Nas ilhas há vigor. Nas ilhas há amor. Vivam as ilhas deste mundo que se assumem como tal e que continuam a exclamar ao mundo o que são, sem uma palavra dizer até então. ⚓️
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