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#118 – Sair da dor.

Doi, doi tanto às vezes… Tanto que se torna insuportável. Apetece sair por aí a arrancar o coração do peito para não doer mais. Para passar logo. Não fomos educados para a dor. Os analgésicos vieram camuflar o que deveria ser lido como um sinal. Para alguns a dor é tão esmagadora que perdem as suas vidas a arrastarem-se por ai como se não houvessem soluções. Como se tudo terminasse ali. E às vezes termina mesmo. Tragicamente com um fim de vida que não compreendeu que se pode sair da dor.

Pois a dor é apenas uma porta, uma oportunidade, um caminho. A dor é na verdade uma saída. Ora veja-se. No conforto não há mudança, não há evolução, não há passos a serem dados para o nosso futuro. A dor impulsiona-nos a ir mais longe. A caminharmos para onde verdadeiramente devemos ir. Teoricamente é até fácil de entender, mas na prática, muitos não conseguem porque vivê-la é duro de mais. Mas na verdade, uma vez aprendendo a viver com a dor tudo se torna mais fácil. Não estou aqui a sugerir que nos resignemos às circunstâncias, mas sim que se aprenda a lidar com elas partilhando passos que funcionam para mim.

Exteriorizo. Deito cá para fora, choro, esperneio, grito para a almofada, vou correr, dar um mergulho e contar tudo ao mar lá dentro. Há tantas formas… E não precisam de ser acompanhadas. Podemos libertar emoções na privacidade do nosso próprio colo. Às vezes evitar exposição é também uma forma de lidar com a dor. Peço ajuda só quando verdadeiramente preciso. De resto resolvo sozinha.

Observo. Retiro o julgamento. Saio do drama. Evito qualquer pensamento acerca da questão é apenas me sento comigo 1dia, 2, uma semana. O tempo que for necessário de observação interna. Aqui a meditação ajuda muito. Cria espaço. Torna leve. Dissolve. Elimina.

Transformo. Depois da devida observação por tempo suficiente, a emoção primária altera-se. Ganha outro corpo. O ambiente interno torna-se mais doce e tudo regressa à normalidade.

Aprendo. Ganho discernimento. Ganho capacidade e força para não repetir o caminho que me levou aquela dor intensa.

Cresço.

E sim, saio da dor com cada vez mais facilidade, empenho e sucesso. E regresso a mim com vigor e auto-estima, só que maior, mais forte e mais feliz.

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