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#day352 – Selvagem

Tenho um fascínio por lugares intocados. Onde os elementos circulam ferozes. Lugares em que mares embatem nas rochas. Em que vulcões emergem da terra. E vapores desaparecem no ar. Gosto dos gritos dos pássaros. Dos uivos dos lobos. Gosto dos lugares encantados. Os amores subterrados. E do verde nas encostas. Gosto dos lugares sem gentes. De temperaturas sorridentes. E paragens no tempo.

Obrigam-nos a “seremos calmos” “bem comportados” a “encaixarmos nos padrões”. Mas se esquecem que todos temos dias de laivos e arranques. Gritos e palanques. E posições fortes e enraizadas.

Não me exijam condutas definidas. Nem vejam nenhum guru nos meus passos. Sou apenas fiel o que me indica. O meu coração doce. De menina confiante nos seus próprios passos. Tenhos os valores tão blindados como a minha ética. Que põe em primeiro lugar o que sou. Porque sem ser primeiro posso dar nada. Ao mundo para onde vou.

Podia passar a minha vida a olhar para o mar. A ver como é linda a vida passar. Precisamos de refúgios para nos afastar. Do ritmo frenético nos separar. Para que possamos mergulhar. Naquilo que viemos cá fazer. Sem tirar nem por. Apenas aprender a ser.

Quando me perguntam como sigo o coração, não consigo explicar que é a passar horas a fio em lugares intocados que consigo retirar a mente do caminho e simplesmente ouvir o que me vai dentro. Precisamos de caminhar para onde somos chamados. Deixarmo-nos ir ao encontro do selvagem em nós. Porque se domado não avança o coração. É por isso que não me coloco em caixas. Não me deixo ao abandono. E não me exijo mais do que consigo. Cinjo-me à minha livre existência humana. E deixo-me viver com as setas a definirem-me o caminho. Pouco me importo para onde vou. Porque sei. Que cuidará de mim. A terra virgem que me criou.

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