Importam-me poucas coisas na vida. Mas a lua e os grilos, sim. Fazem-me falta estas noites quando não as tenho. Estas. De lua cheia. De grilos estridentes. De escuridão brilhante.
Preciso destas noites de relento como quem precisa de se alimentar. Parece que deixa de existir o “eu”, quando me passo para a urbanidade da vida.
E ninguém entende porque vivo eu tão bem nesta solidão. Mas é no vazio que me recupero. É na escuridão que encontro a minha luz, e é com os grilos que ouço o coração a cantar-me alto. Qual serenata que se expressa à imagem da lua.
Importam-me as vidas que ganho só por aqui estar. Importam-me as histórias das formigas todas. Importam-me os sonos dos pássaros, e o descanso da mel. Só não me importam os superficiais dilemas de quem não sabe viver, para além, do seu próprio fel.
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