As pessoas não precisam de ser salvas. Precisam de aprender a se salvar a elas mesmas. Pessoas de muito bom coração têm tendência a perdoar tudo, confiar 100% e querer ajudar sempre. Mesmo quando não lhes é pedida ajuda. Mas uma coisa é preciso entender: ninguém muda a sua situação de vida se não mudar por si. E nós, nada podemos fazer pelo outro. Podemos apenas estar presentes para a mudança que o outro por iniciativa própria quer fazer, e nos procura para tal. Pois é preciso sempre ter isto bem presente: não somos responsáveis pelas vidas dos outros. E muito menos temos que carregar às costas os seus problemas. Podemos sim ser companheiros na caminhada de evolução se nos fizer sentido e se a caminhada do outro não exceder nenhum limite nosso.
É por isso que não quero salvar ninguém. Não quero convencer ninguém do meu caminho porque sei, que cada um tem o seu. Que não preciso de julgar os passos de ninguém porque todos temos que passar por diferentes experiências para aprender e viver a nossa própria caminhada. Não quero nenhuma medalha de mérito por nenhum acto de “caridade” que faça. Até porque excessivo cuidado com o outro é sempre um sinal de uma possível carência minha. Não quero forçar a mudança do outro porque cada um tem o seu timing. E muito menos quero assumir a responsabilidade pelo crescimento do outro, porque todos precisamos de bater-com-a-cabeça-na-parede para aprender as nossas próprias lições. Somos indivíduos livres de percorrer caminhos diferentes e aí vive a a grandeza a liberdade que nos é dada.
Por isso se me salvar a mim já terei sido a heroína da minha história, porque se me salvar, viverei mais feliz que nunca, e serei um exemplo vivo do que é possível fazer. Para quem se identificar com a minha história poder seguir dos meus passos os que lhes servirem também. Mas nunca devemos caminhar para servir os outros. O nosso caminho deve servir-nos a nós. E se formos solicitados, aí sim dar a mão a quem se identifica e pede. O resto é puro exercício do ego que se sente inconscientemente superior por poder ajudar. Ajudar neste sentido passa a ser uma posição de superioridade e não de serviço. É melhor parar.
Que se salve cada um por si e se dê as mãos quando fizer sentido a entre-ajuda, mas com noção que o caminho é individual. E ninguém o pode fazer por nós. Que não desejemos ser a salvação de ninguém e nem dependamos da salvação que vem de fora. Porque é dentro que encontramos quem somos. E só podemos percorrer o caminho da nossa própria história.
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