Ás vezes não sei quem sou. O que aqui faço nem para onde vou. Deixo-me navegar pela vida e suas doces marés. Como observadora que fica e fita cada dia como um lugar encantado de tempo. E tempo, é tudo o que tem para observar.
Entre o pé no chão e a persona por detrás da maquilhagem. Entre o profissionalismo dos mapas e a liberdade da escrita. Entre a professora e a aprendiz, nunca sei quem sou. Da minha identidade já abdiquei há muito. Não me interessa saber quem sou. Interessa-me depositar tudo o que sou no que me move, no que me guia e no que me encanta. Pouco de mim é racional. Mas é a estrutura dos dias que me oferece o esqueleto para caminhar.
Não interessa o que parecemos ser. O que somos, só nós sabemos. Tudo o resto são expeculacoes infundadas por excesso ou por defeito. E, que interessa a imagem se que o que importa é como vivíamos os dias? De que vale o estatuto se o que impacta é a alegria que vem do que fazemos? De que importam as palmas se o que levamos daqui é o que vimos com os olhos da nossa singular experiência?
Amar é tudo o que levamos daqui.
E para amar é preciso espaço, tempo e entendimento. É preciso paciência, leveza e capacidade de espírito.
Acho que é por isso que me deixo viver entre mundos. Entre os dias empresariais e os dos pássaros. Não vejo diferença de importância entre eles. Porque no fundo sou feita de todos os momentos que me levam. Me arrebatam e consomem os sentidos. E sentir é uma benção reservada aos vivos. Amorosos. E é esilientes.
De todas as subpersonalidades que vivo, a que mais gosto é a inteira. A que se faz juntar de todas. A que aparece com o sumo da combinação dos meus sabores. Que são pessoais e intransmissíveis como os de todos os que me rodeiam. Por isso acredito tanto na diversidade. É da combinação das unicidade que se gera a vida. Tal como ela é. E por isso, vou vivendo os dias, pelas marés dos meus diferentes mundos. Até que a sopa de letras me mostre o que sou. Para chegar ao final da vida e ter a surpresa de ver o meu próprio puzzle montado, com a tal imagem que nunca tinha visto antes. Pois só se vislumbra a floresta quando se olha de fora. É só se ama o que se é quando se abre a caixa de bombons que somos e se prova cada um com a calma e a surpresa que só a descoberta dos diferentes mundos internos, nos pode proporcionar. ❤
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