Gosto da companhia que me ofereço. Do silencio da minha respiração. Do espaço para ser. Do vazio da boa solidão. Gosto de não agendas. De zero estranhos. De privacidade total. Quem me é íntimo sabe que passo horas a observar o sol se pôr. Que admiro diariamente as abelhas e que não há nenhuma decisão que não seja a natureza que me inspire.
Mas, nem sempre foi assim. Haviam dias em que a solidão me matava por dentro. Eu temia os meus fantasmas. Não suportava as vozes dentro e era incapaz de estar sozinha. Arranjava sempre mais uma actividade. Mais um passeio. Mais uma visita. Não tinha um único “buraco na agenda” e achava que era feliz assim. Até cair com esgotamento e perceber, que não. O excesso de trabalho é uma fuga. Uma privação inconsciente da capacidade de ser. Um bloqueio maior do que se imagina. E uma aspereza de espírito que não se reconhece até se amar o que se é por dentro. A superação compensa. Passar pela dor transforma. A profundidade acalma. A paz reina em quem aprende a estar sozinho, feliz.
O meu lugar seguro é dentro. É para onde regresso sempre que me esqueço de quem sou. É lá que bate fundo o meu instinto. Essa força que me força a ser quem sou.
Haja vida dentro de feliz e genuína solidão. E nunca mais estaremos sozinhos, porque passará a ser para sempre, a nossos olhos, verão. ❤
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