É preciso que o amor nos traga à Terra. Nos faça “cair em nós” para que percebamos que quase nada controlamos na vida. O amor é sábio. Sabe o que faz. Atira-nos para a vida ora com festas ora com chapadas de luva branca e nos faz remar ora a favor, ora contra a maré. Mas nunca nos deixa na mão. Nunca nos diz “basta” e nem sempre nos dá o que queremos. Trabalha os nossos caprichos com os seus. E sempre nos leva mais longe. Porque o amor nos ama por dentro. E nos ensina a amar por fora.
Por isso gosto dos amores que me tiram o chão. Que me afastam dos meus lugares comuns. Que me mostram que outros caminhos são possíveis e não só existem aqueles que eu achava reais. Esses amores que me desiludem. Que me tiram do alto da ilusão do cenário perfeito e me colocam os pés na terra, e na vida como ela é. Há amores que nos lançam para os campos, para a rendição e para a estabilidade. Esses amores que estão crus à nossa frente e por isso mesmo são imperfeitos. Mais reais. Porque um amor polido vem com o tempo. Mas é o amor cru que nos arrebata. Que nos direciona para sempre para os lugares invisíveis e nos puxa à realidade do que é, e não do que “poderá ser um dia” e não nos deixa perder na tentação da ilusão dos contos de fada. Que não existem, nem contam histórias reais. O amor é chão.
Haja amor cru nos nossos dias. E que ele se vá temperando pela vida fora. Até ficar no ponto e se tornar, a melhor refeição que tivemos o privilégio de ter, numa vida. 💕
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