Precisamos, todos os dias, de nos libertarmos do que nos pesa, para darmos espaço ao que nos move. Não se avança na vida com lastro. E não se pode ter medo de deixar cair por terra as pedras que fomos acumulando pelo caminho por necessidade, sentido de responsabilidade ou vaidade.
Os dias tornam-se leves quando nem a nossa identidade nos pesa. E, já nos basta os nossos próprios problemas. Não podemos carregar os problemas dos outros. Só podemos dar o nosso melhor para ajudar quando isso nos é possível. E, tendo sempre cuidado, para que essa ajuda não nos pese.
Talvez por isso me isole tanto. Acredito que o maior serviço público que podemos trazer ao mundo, é a criação da nossa própria liberdade. Se a sociedade (e reparem que não disse “humanidade”) criou prisões por conta do “desenvolvimento”, cabe-nos desmontar as cancelas que nos separam de nós próprios, para que nos possamos ligar de novo, não via interesse pessoal ou profissional, mas via a empatia de uma irmandade que existe mesmo. E olhem que não me ligo a toda a gente. Há, infelizmente, pessoas que não estão preparadas para esse salto. Mas um dia estarão. Tal como um dia serei eu mais humana e todos estaremos mais a frente no nosso caminho de evolução. Estamos cá para crescer e nos tornarmos em quem já somos e não sabemos. Não estamos aqui para nos perdermos nos problemas no mundo achando que podemos resolver tudo de uma só vez. Isso não é possível. Nem é da nossa responsabilidade. Mas o que temos que entender é que podemos e devemos por mérito, mudar a realidade dos nossos dias e ajudarmo-nos a nós antes de ajudarmos os outros. Assim, e através dessa empatia que criamos dentro, podemos então olhar para o outro como igual e transbordar o amor que nos sobra para que o outro receba o empurrão que precisa. Até lá, são só ajudas de egos. O ego “superior” que dá, e o ego “inferior / coitadinho” que recebe. E assim se prolongam as desigualdades e se resolve problema nenhum. Para mim não há pobres, incapacitados ou incapazes. Não há desempregados, vítimas ou deprimidos. Há pessoas. Cada umas com os seus desafios. As quais eu insisto em olhar nos olhos e acreditar dentro “és mesmo capaz” e vejo, quase sempre essa pessoa a se superar e a crescer de dentro para fora na pessoa que se quer tornar. Agora, estou cá para quem precisar desse empurrão, desse pão na mesa e do mimo que não tem pontualmente. Não estou cá para vitimizacoes crónicas ou ciclos intermináveis de escassez. Mas sou sempre disponível para quem, independentemente de ter chegado, sabe que é capaz, quer mudar e sabe que vai conseguir. Porque todos conseguimos. O que nos distingue é a atitude que temos na vida.
Assim, que não se carregue o fardo do “preciso” e o do “preciso dar”. E se dissolvam as necessidades do mundo na única missão de sermos-quem-somos e não de sermos-quem-precisamos-ser e, vos garanto que a vida de todos será indiscutivelmente mais leve, descomprometida, relevante e feliz. 🍭
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