A primeira coisa que faço quando chego a casa é, sair. Abrir as portadas. Cumprimentar a serra “tive saudades tuas”, os grilos “ahh vocês grilos” e os coelhos que às vezes aparecem só pela curiosidade de perceber quem chegou a casa “sou eu”. Não está ponta de vento. Podia ter deixado o inverno à porta, mas com esta temperatura acho que ele se perdeu pelo caminho. Espero que esteja bem algures. Este ano ainda vamos ter saudades dele.
Gosto de tolerar noite. De ver sem luz. De olhar para dentro e sentir que conheço cada animal que se passeia nos arbustos. Gosto do latir ao fundo. Dá-me saudades da mel. Chego a casa e às vezes ela não está. Dá-se ao direito de se passear pelo seu mundo, tal como me permite a mim fazê-lo. Não a prendo a mim. Deixo-a solta. E ela regressa sempre. Sou tão sortuda… haverá coisa melhor do que sermos escolhidos por quem amamos?
E depois diz-me a serra que demorei muito “eu sei” e prometo demorar menos para a próxima. Mas depois o caminho chama e me leva. E eu vou. É como o vai-vem da minha rede. Esse doce balanço. Tal e qual. E eu descanso. 🌱
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